Carlos Roberto - CRS Palestrante
A vida, os sentimentos e impressões em prosa e verso
Textos
O CEGO DE JERICÓ

Um cego acordou na manhã daquele dia, como nas manhãs anteriores. Treva total. Sentindo o calor do sol, mas sem poder contemplar a claridade de um dia ensolarado, sentindo o aroma das flores, mas sem poder mirar a beleza delas. Uma surrada capa, já desbotada pelo tempo era a sua única proteção das intempéries.

Ficava ali, estrategicamente num ponto onde todos os caminhantes passavam. Seus ouvidos eram muito bem treinados e capazes de perceber a aproximação de pessoas a pé ou montadas.

Tão logo ouvia alguém se aproximando e começava a repetir de forma incessante o pedido para que lhe dessem uma esmola. De vez em quando percebia o ruído de alguma moeda lançada por algum passante na pequena bolsa, cuja boca ficava aberta a espera de algum óbulo.

A tendência humana à acomodação leva o indivíduo à aceitação de determinada rotina como se ela fizesse parte de uma realidade que não pode ser modificada. Outra tendência é a de percepção apenas e tão somente daquilo que está dentro desse mundo rotineiro, limitado, sem qualquer esperança de modificação.

Mas Bartimeu era uma pessoa diferente. Ele estava “antenado” naquilo que ouvia e que poderia fazer diferença em sua vida e mudar a sua realidade, apesar de estar fora de sua possibilidade pessoal. Ele ouviu pessoas debatendo sobre um homem que vivia na região da Galiléia e que alguns diziam ser um profeta, outros diziam tratar-se de um impostor porque dizia ser filho de Davi.

O nome desse homem era Jesus.

Bartimeu ouviu que Jesus realizava grandes milagres curando paralíticos, coxos, cegos, leprosos, inclusive, seu primeiro milagre foi transformar água em vinho.

Ah! se eu pudesse falar com esse homem, desabafava o cego em seus pensamentos.

De repente Bartimeu ouve o barulho de uma grande multidão, seja pelos passos decisivos que pisavam firmemente no solo daquela estrada, seja pelo ruído estrepitoso vindo daquela turba.

Bartimeu perguntou o que estava acontecendo e lhe disseram que era Jesus o Nazareno que estava passando. O cego limpou o pigarro da garganta e na certeza de que chegara a sua vez de experimentar o poder de Cristo e dar um basta naquela situação de mendicância, começou a clamar: ___ Jesus filho de Davi, tem misericórdia de mim!

As pessoas que passavam o repeendiam e pediam para que se calasse. Talvez pensassem que era muita ousadia um simples mendigo querer a atenção do Mestre da Galiléia.

O homem em vez de cessar o seu clamor, passava a clamar mais alto ainda. Jesus parou e ordenou que trouxessem Bartimeu até ele. Quando o homem chega perto de Jesus este pergunta: __ Que queres que eu te faça? ¬¬__Que eu veja, ele responde.

___Vê, a tua fé te salvou.

Bartimeu passou a ver e o primeiro rosto que viu foi o do Mestre que lhe sorriu com ternura. Como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo, Bartimeu começou a saltitar e a glorificar a Deus demonstrando profunda gratidão. A multidão não deixou por menos e também dava louvores ao Senhor.

O que essa lição nos ensina? Para mim, ela mostra que se possuirmos fé, poderemos modificar a realidade mais sombria. Ensina-me também que muitos desejam me dissuadir, me demover e me fazer desistir do meu objetivo. Mas é importante eu saber que Jesus é misericordioso e que ele pára e atende ao que lhe clama com fé.

Se você está á beira do caminho, se está prostrado diante de uma realidade sombria, Jesus está passando e esta é uma boa hora para falar com ele.

Tenha um excelente dia!


Carlos Souza
Enviado por Carlos Souza em 06/07/2008
Alterado em 07/04/2009
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