O dia 11 de agosto é conhecido como o dia Dia do Advogado e das carreiras jurídicas, afinal, é o dia que marcou a criação dos cursos jurídicos no Brasil. A reputação dos cursos jurídicos no Brasil anda em baixa há bom tempo. Na realidade há um aviltamento no conceito desses cursos por conta da baixa qualidade do ensino e ante à proliferação de cursos sem a devida priorização da qualidade e que visam apenas cumprir uma missão estritamente mercantil na qual o baixo custo e a alta receita são os componentes buscados para assegurar o lucro. Esse modelo tem sido o responsável pelo surgimento de universidades com belíssimos prédios que via de regra confundem muito os incautos.
A generalização é imperdoável, assim, ficam ressalvadas as instituições que primam pela qualidade e que ainda despertam o interesse daqueles que buscam no mercado, alunos formados por elas. Por outro lado, existe um certo preconceito por faculdades que não exibem um nome de tradição e, por conseguinte, os bacharéis por elas formados são repelidos aprioristicamente sem qualquer avaliação, simplesmente não são bons o suficiente em razão da escola que frequentaram.
A essa altura cabe refletir se é verdade ou mito a afirmação conhecida de que “não é a escola que faz o nome aluno e sim o aluno é que faz o nome da escola”. A conclusão não pode ser simplista, todavia, ela pode ajudar muito. No meu caso, cursei direito no período noturno, numa faculdade respeitada, porém, sem tanto renome. Na época, as dificuldades que enfrentei foram muitas e entre elas, a de adquirir os livros e manuais necessários no decorrer do curso. Na época fiquei conhecendo alguns “sebos” onde comprava livros usados, alguns desatualizados e me dedicava a atualizá-los durante as aulas e recorrendo às anotações e livros novos dos colegas.
O esforço me possibilitou ser aprovado na OAB sem muita dificuldade, me aprovou no Concurso de Delegado de Polícia e na Magistratura de São Paulo. Foi nessa época que observei nas conversas informais nos locais de exame que fazia parte e um grupo de estudantes que por envergar um modesto currículo, ninguém esperava muito. Via candidatos falando vaidosamente por serem oriundos da USP, PUC, e outras instituições muito bem conceituadas. Me limitava a ouvir e nem me atrevia a esboçar qualquer comentário, ou seja, me recolhia à insignificância de bacharel de um curso noturno de uma faculdade com pouco reconhecimento.
Outra coisa marcante era a idade! Me formei em direito com 32 anos (1984) e os candidatos que encontrava nos concursos que participei, eram bem mais jovens e possuidores de um currículo acadêmico invejável. Vi centenas desses jovens ficarem para trás nos concursos nos quais fui aprovado. Na minha modesta forma de entender a situação, não culparia a escola pelo insucesso daqueles e nem daria os louros exclusivamente à faculdade onde me formei. Vi que a dedicação e aplicação aos estudos e constante atualização é que contribuem decisivamente para o perfil de um profissional bem sucedido. Pessoas descompromissadas e indispostas ao esforço de estudar e aprender, independente da instituição onde estudam, serão medíocres sempre.
Hoje, como juiz de direito aposentado e de volta às hostes da OAB/SP, se me pedissem um conselho, eu diria aos recrutadores: Antes de estribar-se na formação acadêmica de um candidato, façam uma análise criteriosa para saber sobre suas habilidades e potencialidade. Com certeza você terá surpresas ótimas ou até mesmo frustrantes.
CARLOS ROBERTO DE SOUZA
Palestrante, Professional Personal Coach e Advogado
Carlos Souza
Enviado por Carlos Souza em 13/08/2018
Alterado em 13/08/2018