Em 1666, Antonio Giacomo Stradivari, um italiano de Cremona, na Italia, então com 22 anos, começou a trabalhar com a luthieria, produzindo instrumentos de corda, tais como violinos, violas e violoncelos. Esse jovem revelou-se desde logo, um talentoso como luthier e, segundo consta, desenvolveu sua arte de construir instrumentos, com Nicola Amati, daí a designação de Amatizzato no estilo de seus primeiros instrumentos.
Aos poucos, Stradivari foi incorporando novas técnicas, experimentando madeiras diferenciadas, além de técnicas de envernizamento e de apuração acústica. Em 1700 Stradivari deu início a um novo e revolucionário processo que culminou no reconhecimento dos músicos e luthiers mais afamados a respeito da excelência dos instrumentos imprimindo de forma indelével sua marca (Stradivarius) que hoje é utilizada como sinônimo de perfeição em qualquer área.
Desde a época em que iniciou sua arte, Antonio Stradivari confeccionou 1.116 violinos, dos quais cerca de 500 ainda circulam na mão de privilegiados músicos e colecionadores.
O preço de um violino “Stradivarius” legítimo chega hoje a milhões de dólares.
O que será que diferenciava Stradivari de outros profissionais? Qual o segredo da qualidade de seus instrumentos?
Primeiro, o referido luthier trabalhava com a ideia de que cada instrumento construído deveria ser prova incontestável de haver incorporado o melhor de seu construtor, este, inconformado com algo que apenas beirasse à perfeição. Stradivari não se contentava com a satisfação de quem encomendou o instrumento, ele tinha seu critério apurado e só assinava sua obra quando seu critério pessoal de qualidade estava preenchido.
A autossatisfação é precisa ser buscada e cultivada em tudo o que você produz, porém, de nada adiantará essa busca, se aquilo que orienta seu nível de aceitação de seu próprio trabalho seja orientado pela mediocridade.
Stradivari, por certo, tinha em mente que seus instrumentos seriam tocados por excelentes e exigentes músicos e estariam presentes em importantíssimas salas de espetáculo, por isso, a beleza e a sonoridade apuradas dos violinos e violas que fabricava, sempre foram o ponto alto da fabricação.
Mas tudo o que é excelente exige muito mais dedicação e competência. Surge a dicotomia entre preço e valor. Infelizmente muitas pessoas se apegam ao menor preço para determinado produto e acabam frustradas quando percebem que foram iludidas pela aparência do produto adquirido, com outro mais caro.
Os críticos e especialistas discutem até hoje sobre qual seria o diferencial entre os violinos e violas fabricados por Stradivari e outros luthiers. Alguns creditam a qualidade e sonoridade à variedade das madeiras utilizadas.
Joseph Nagyvary, um bioquímico, pesquisou e descobriu que Stradivari usava diversos tipos de minerais para tratar a madeira. No tampo, por exemplo, eram utilizados cerca de trinta tipos, sendo o bórax (tetraborato de sódio) o responsável para criar uma união molecular que, além de dar maior rigidez à madeira, favorecia a propagação do som e produzia timbre inigualável.
Simone Sacconi, autor da obra The Secrets of Stradivari, faz referência a uma técnica utilizada por Stradivari para tapar os poros da madeira utilizada na fabricação do instrumento e que ele denomina de Vernice bianca (um composto de goma arábica, mel e clara de ovo).
Existem outras explicações para a sonoridade superior. Um lenda é de que as madeiras selecionadas pertenciam à navios naufragados há muito tempo, o que tornava a madeira mais dura.
Outra lenda para o fato de seus violinos terem uma sonoridade superior, era porque ele selecionava madeiras de navios naufragados há anos. Com isso, a madeira ficava muitos anos em água salgada, o que fazia com que fosse mais dura. Também não há nenhuma prova científica sobre esse fato. Outros afirmam que as condições climáticas na Europa (baixa temperatura) tornavam as madeiras mais duras.
Muitas são as especulações, mas o certo é que em meio à diversidade das teorias, a qualidade dos instrumentos fabricados por Stradivari continua sendo atestada pelos maiores especialistas e, mesmo decorridos mais de trezentos anos, a qualidade refinada dos stradivarius continua impoluta.
Em suma, Stradivari é um exemplo para qualquer profissional.
Ele começou aprendendo com seu mentor Nicola Amati e, depois de muita dedicação, produziu sua obra prima, o Stradivarius. Importante é que muitos instrumentistas foram aplaudidos de pé por espectadores embevecidos pelo som mavioso de um stradivarius. Antonio Stradivari, por sua vez, recebeu sempre o aplauso de seu íntimo ao certificar-se de que dera o melhor de si na construção do instrumento.