Carlos Roberto - CRS Palestrante
A vida, os sentimentos e impressões em prosa e verso
Textos
SUICÍDIO


O suicídio é um assunto que sempre desafiou minha mente.

Fica ecoando no meu íntimo a pergunta sobre as razões que levam uma pessoa a tirar a própria vida. Duas pessoas de minha família cometeram suicídio. Um tio, pessoa querida pela família e pela comunidade onde morava, levou para sepultura o segredo de seu ato extremado. Pediu para a filha comprar um refrigerante, trancou-se no quarto e misturou veneno no refrigerante e quando arrombaram a porta já não havia mais nada que pudesse ser feito para salvá-lo. Estava morto.

Uma prima no auge de seu desespero existencial jogou álcool sobre o corpo, e em seguida, ateou fogo. Foi socorrida e dizia estar arrependida do que fez e pedia para não morrer. A polícia investigou se não fora assassinada, mas acabou concluindo que se tratava mesmo de suicídio.

Quando trabalhava como Delegado de Polícia, na periferia da Grande São Paulo fiquei estarrecido ao registrar o suicídio de um garoto de doze anos. Outra vez, fui á casa de um senhor aposentado e que morava sozinho. Seria cômico se não fosse trágico. Aquele homem, eletricista que era, desencapou os fios e envolveu o corpo de forma a restar um bom pedaço de fio de cada lado, suficiente para alcançar a caixa de força. Depois de desligar a chave, e instalar os fios na base dela, deitou-se sobre um travesseiro e com o auxílio de uma vassoura, fechou o circuito e não deu outra, morreu eletrocutado.

Num domingo, fui chamado a comparecer na linha férrea onde uma jovem de 19 anos, após uma pequena discussão com a mãe, saiu e jogou-se sob as rodas do trem. Uma cena dantesca ver aquela jovem decapitada, inerte sobre a linha férrea.

Hilst (vou adotar esse nome) era um vizinho aparentemente tranqüilo, educado e culto. Moravam ele e a irmã numa casa antiga, mas ampla e bem conservada em frente à minha. Hilst, de origem germânica falava três idiomas e trabalhava como tradutor. Certo dia, num final de semana, quando eu e minha família estávamos fora, Hilst resolveu abandonar a vida. Colocou o cano frio da arma no céu da boca, e em seu desespero de alma, efetuou o fatídico disparo.

Não acreditei quando me contaram. Nenhum bilhete, nenhum motivo declarado. Nada.

O suicídio é algo incompreensível para os que ficam.

A única explicação é o desespero que perturba a mente de uma pessoa a ponto dela achar que não vale mais a pena viver.

Mas, como pode alguém cansar-se de viver?

Não se deve julgar o suicida como covarde.

Normalmente pessoa fragilizada, vivendo uma situação limite, com a mente confusa, precisando de ajuda, carinho e uma palavra franca e amiga.

Ora, mas porque estou escrevendo sobre isso? Amo a vida, amo minha família, amo meus amigos, não me ocorre nem de longe praticar esse tresloucado gesto.

Como acredito que não há nada que seja obra do acaso, pode ser que o suicídio seja a idéia fixa de algum leitor após uma noite de insônia. Se você for alguém como eu, amante da vida, feliz, muito prazer. Mas se você for um candidato ao suicídio, tomo a liberdade de lhe pedir um favor: Aborte essa idéia, saiba que isso não solucionará nada. Procure ajuda. Ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida), fale com um grupo de oração, peça forças a Deus, gaste os seus cartuchos de fé, pois só assim, essa perigosa idéia vai se afastar de você e tenho certeza de que amanhã você dirá: Que idéia maluca passou pela minha cabeça ontem! Não se esqueça de que alguém te ama. Não queira testar esse amor desistindo da vida.

Força meu irmão, você consegue sair dessa!

Carlos Souza
Enviado por Carlos Souza em 11/02/2008
Alterado em 11/02/2008
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